sábado, 8 de setembro de 2018

Maurice Freeman Klabin, quando jovem.
Retrato de 1888, Londres
        Moishe Elkana nasceu na aldeia de Pazelva, parte da localidade de Želva, na atual Lituânia, à época parte do Império Russo, onde nasceu em 1º de março de 1860 e viveu até os 25 anos. Não se sabe com que dinheiro Moishe Elkana comprou terras na Rússia, pelo menos um pedaço de terra, o que era proibido. Por decreto do tsar Alexandre III, judeus não podiam ser donos de terras. Denunciado pelo sujeito de quem a comprou, lançou-se numa fuga desenfreada, percorrendo hora de carroça e hora a pé da Polônia e Alemanha até chegar, de navio, à Inglaterra, na época considerado um país liberal, desenvolvido e repleto de indústrias, no auge da Revolução Industrial.
              Na Inglaterra, Maurício adotou o sobrenome de Freeman, praticamente uma declaração de princípios, ou seja, homem livre. Em Londres, Maurício alugou uma carrocinha, comprou chinelos e passou a vendê-los nas ruas, mas percebeu que não era o único imigrante e que os negócios na Inglaterra já estavam muito consolidados e competitivos, sem muita chance para novatos. Quando soube, dois anos depois, que um imperador do Brasil estava oferecendo terras até passagens de graça num país a milhares de quilômetros de distância do qual nunca tinha ouvido falar, viu aí a sua oportunidade.
Moishe Elkana, Mauricio Klabin
         Em 1889, então renomeado Maurício Freeman Klabin chega ao Brasil, desembarcando no Porto de Santos e depois subindo a serra para a cidade de São Paulo. Com um carregamento de papel de cigarro, comprou tabaco, ele mesmo enrolava os cigarros, um a um, e os vendia, garantindo seu sustento, pois era uma grande novidade no país.  Só havia cigarro de palha. Tornou-se, de cara, o pioneiro do papel de cigarro no Brasil. Com a recente libertação dos escravos e a chegada dos imigrantes aos milhares, surgia uma nova classe trabalhadora e o Brasil explodia em mudanças de toda ordem. Conseguiu então um emprego numa pequena tipografia de um casal idoso, sem filhos, que fazia livros em branco para o comércio. Em pouco tempo, com um português razoável, passou a representar a gráfica pelo interior do estado de São Paulo, quando assumiu de vez a gráfica que lhe fora ofertada. Apesar de pouco capital, empenhou-se para honrar os compromissos e em 1890 tornou-se proprietário da própria empresa, berço de uma holding conhecida no mundo todo, 100 anos depois de sua fundação.
Leon Klabin, pai de
           Maurício Klabin
        Já com 35 anos, os negócios estavam bem prósperos e foi então que ele pediu para vir da Lituânia seus pais, Leon Klabin e Chaia Sarah Papert, a irmã Nessel Klabin e uma jovem de 27 anos, Bertha Osband, sua noiva. Mais tarde chamou o tio, Zelman Lafer com o filho Miguel Lafer e dos Estados Unidos, seus irmãos Salomão, Hessel e Luiz Klabin. Nessa época, vieram também para o Brasil mais os primos Wolff Kadischevitz, Max, Lazar e Henrique, filhos de Israel Kadischevitz e Feiga Kadischeviitz Lafer, conhecida como Fanny Lafer. 


 Bertha Osband e Maurício Freeman Klabin
            Fanny Lafer nasceu em 1851 e faleceu em 17 de fevereiro de 1948, com a idade de ‎97 anos e era irmã de Zelman Lafer e de Leon Lafer Klabin, pai de Maurício Klabin. O Klabin veio de uma geração anterior de Leon Klabin, pai de Maurício Klabin, para evitar que o filho fizesse o serviço militar, seu pai Samuel Lafer inventou um outro sobrenome, o nome verdadeiro da família era Lafer, o Klabin veio do nome de uma floresta perto da aldeia de Pazelva. Leon Lafer Klabin nasceu perto de 1839, filho de Samuil Lazarovitch Lafer e Jenny Crystal Lafer, faleceu em 1924, um ano após o falecimento do filho Maurício. Leon Klabin casou com Chaia Sarah Papert que nasceu em 1837 e faleceu em 1910 e tiveram os filhos Maurício, Salomão, Hessel e Luiz Klabin. 
Lasar Seagall, 1909
           Maurício Freeman Klabin casou com a jovem Bertha Osband com quem teve Luisa Klabin, nasceu em 1900, se tornou violinista, Emannuel Klabin em 1902, Mina Klabin, foi a primeira filha, nasceu em São Paulo em 3 de outubro de 1896 e casou em 1927 com o arquiteto de origem russa Gregori Warchavchik que foi um dos principais nomes da primeira geração de arquitetos modernistas do Brasil. Mina Klabin se tornou pioneira no paisagismo moderno no Brasil juntos tiveram dois filhos: Mauris Klabin Warchavchik e Anna Sonia Klabin Warchavchik. Jenny Klabin, filha de Maurício Klabin e Bertha, se tornou pianista, nasceu em 15 de fevereiro de 1899 e viria a se casar com o pintor Lasar Segall, irmão de Luba Segall, esposa do tio Salomão Klabin. Por mais que os negócios estivessem prosperando no Brasil, Maurício Klabin jamais poderia imaginar o futuro do complexo gigante industrial que nasceu da sua coragem, da persistência nos negócios e do legítimo espírito empreendedor que o acompanhou desde que saiu da Rússia.

          Salomão Lafer Klabin nasceu na Lituânia, irmão de Maurício Freeman Klabin casou com Luba Segall, também da Lituânia, irmã do pintor Lasar Segall e tiveram os filhos Esther Klabin nasceu em 1907, Samuel Klabin, nasceu em 1910 e Horácio Klabin nasceu em São Paulo em 24 de março de 1918. Salomão veio para o Brasil quando seu irmão Mauricio Freeman Klabin, o chamou em 1895, quatro anos depois fundaram a Klabin Irmãos e Cia, com o primo Miguel Lafer e Hessel Klabin. A empresa importava produtos de papelaria e produzia artigos para escritórios, comércios, repartições públicas e bancos.

Jenny e Segall com os filhos Mauricio e Oscar
 no Jardim de Luxemburgo, 1931, Paris
            Em fins de 1912, Lasar Segall veio ao Brasil, encontrar com seus irmãos, que moravam no país, entre eles a irmã Luba Segall, que havia se casado com Salomão Klabin.Volta para a Europa e em 1923 se muda para o Brasil casando em 1925 com Jenny Klabin, filha de Maurício Freeman Klabin. Lasar Segall casou com a sobrinha do cunhado, com quem teve os filhos Maurício Klabin Segall, que se casaria nos anos 50 com a atriz Beatriz de Toledo, posteriormente Beatriz Segall e Oscar Klabin Segall, que se casou com a modelo e Vice-Miss Brasil 1969, Maria Lúcia Alexandrino dos Santos. Após a morte do marido em 1957, Jenny foi a idealizadora do Museu Lasar Segall.

           Hessel Klabin, irmão de Maurício Freeman Klabin, nasceu na Lituânia, em 1872 e faleceu em São Paulo em 19 de novembro de 1946. Hessel chegou com a família ao Brasil no início da década de 1890 e em 1899, fez parte do grupo que fundou a Klabin Irmãos & Cia. Casado com Fanny Gordon Klabin foi pai de Ema Gordon Klabin, Eva Klabin e Nina Gordon Klabin.

       Miguel Lafer nasceu na Lituânia em 1876 radicado no Brasil em 1894, chegou com o pai Zelman Lafer, tio de Mauricio Freeman Klabin e em 1899 fez parte do grupo que fundou a Klabin Irmãos & Cia.. Casado com a prima Nessel Klabin, irmã de Maurício Freeman Klabin, foi pai de Horácio Lafer, Jacob Klabin Lafer e Abrahão Jacob Lafer. Miguel Lafer faleceu em São Paulo, 12 de fevereiro de 1926. Nessel Klabin, filha de Leon Klabin com Chaia Sarah Papert nasceu em 1880, na Lituânia, e faleceu em 1955.
Da esquerda para a direita, os filhos: Jenny (nascida
em 1898), Luiza (1900), Mina (1986) e Emannuel
(1902). Bertha Osband (em pé) e Maurício Klabin.
                         Em 1º de fevereiro de 1899, dez anos depois da chegada de Maurício, ele e os irmãos Salomão e Hessel e mais o seu primo e cunhado Miguel Lafer fundaram a empresa Klabin Irmãos & Cia – KIC, mais tarde sendo denominada Klabin S.A., que incorporou a antiga tipografia, um novo negócio para importação de artigos de escritório e um depósito próximo à Avenida Tiradentes, no maior centro econômico e financeiro do país, São Paulo. Nascia ali o Grupo KLABIN. A história da KLABIN inicia-se com a chegada das duas famílias de imigrantes lituanos ao Brasil; os Klabin e os Lafer.

     Maurício Freeman Klabin desembarcou no país em 1889 e fundou, em 1890, a empresa M.F.Klabin & Irmão, uma tipografia. Os Lafer chegam ao país em 1894 e a relação entre estas duas famílias, além de serem lituanos de nascimento, seria o fato de uma das irmãs de Maurício ser esposa de um dos Lafer. Assim, enraizados pelo país natal e familiarmente, em 1899, irmãos e primos da Lafer-Klabin fundaram na cidade de São Paulo, a Kablin Irmãos & Cia. (KIC), uma loja, oficina de fabricação e importadora de artigos de escritórios e tipografia.
1911 - Sócios fundadores de Klabin Irmãos & Companhia - KIC com familiares e funcionários da 
Companhia Fabricadora de Papel - CFP em frente ao prédio da fábrica.
Maurício Klabin, o terceiro sentado, com os sócios-fundadores. 1911
 Em 1902, a KIC arrenda a Fábrica de Papel Paulista, em Itu, com o fim do contrato em 1907. Em 1909, a KIC constitui sua primeira fábrica, a Companhia Fabricadora de Papel, que começa a operar somente em 1914 e já na década de 1920, torna-se uma das maiores fabricantes do setor em solo brasileiro.
Maurice Freeman Klabin
 Maurício Klabin morreu em Heidelberg em 21 de setembro de 1923, na Alemanha, aos 63 anos aonde fora tratar de câncer no estômago, afetou profundamente a vida de suas filhas. Nos anos de 1930, o grupo passa a ser administrado pelos primos Wolff Klabin, Horácio Lafer, Samuel Klabin e Horácio Klabin segunda geração de gestores das famílias Klabin-Lafer e é a partir deste período que ocorre a ascensão do grupo Klabin, com a expansão no setor papeleiro e a diversificação dos negócios, como o arrendamento da Manufatura Nacional de Porcelanas S/A, em 1931.
Horácio Lafer

 Horácio Lafer nasceu em São Paulo, três de maio de 1900, filho de Miguel Lafer e Nessel Klabin, irmã de Maurício Freeman Klabin, os quais eram primos, foi casado com Maria Luisa Salles, conhecida como Mimi, sobrinha-neta do presidente Campos Sales (1841-1913). Teve duas filhas: Sylvia Lafer, que casou com o empresário, e mais tarde senador, Pedro Franco Piva; são os pais de Eduardo Lafer Piva, Regina Lafer Piva e do economista Horácio Lafer Piva. E Graziela Lafer, que casou com o empresário Paulo Sérgio Coutinho Galvão; são os pais de Maria Eugênia Lafer Galvão.
Horácio Lafer e Otávio Mangabeira
Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde ingressou em 1916. Formou-se também em Filosofia pela mesma faculdade, que mais tarde viria a integrar a Universidade de São Paulo. Era fluente em inglês, francês, alemão, ídiche, italiano, espanhol e naturalmente o português. Durante o governo Washington Luís foi o representante do Brasil na Liga das Nações e em 1934 foi eleito deputado federal. Foi de 1928 a 1929 assessor do Ministro das Relações Exteriores de Washington Luís, Otávio Mangabeira. Foi deputado federal representando o estado de São Paulo, sendo eleito em 1934 e reeleito mais tarde pelo Partido Social Democrático.

Eisenhower e Horácio Lafer
     Em 1943 até 1945 Horácio Lafer integrou como membro do Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda. Em 1951, durante o último governo de Getúlio Vargas, foi ministro da Fazenda e já em 1959, no governo de Juscelino Kubitschek, foi ministro das Relações Exteriores. Foi também um dos fundadores da Fiesp/Ciesp.

Wolff Klabin se despede de Getúlio Vargas
                no aeroporto da Fazenda Monte Alegre,
em Telêmaco Borba, Paraná.
Wolff Kadischevitz nasceu em 1880 na Lituânia, filho de  Israel Kadischevitz e Fanny Lafer, tia de Maurício Freeman Klabin, veio para o Brasil com dez anos, na mesma época junto com os irmãos Max, Lazar e Henrique. Órfão de pai foi morar com o tio Miguel Lafer, pai de Horácio Lafer. Entre 1910 e 1920 viajou por todo o Brasil oferecendo produtos de papelaria. Em 1914, foi vender papel no Rio Grande do Sul e ficou amicíssimo de um estancieiro chamado Getúlio, que ainda era um caipira de São Borja. Nos anos de 1930, Wolff Kadischevitz requereu a mudança de nome para Wolff Klabin e passa a administrar o grupo Klabin junto com os primos Horácio Lafer e Samuel Klabin sendo a segunda geração de gestores das famílias Klabin-Lafer. Junto com Horácio Lafer foi um caso exemplar de sócios de temperamento e de virtudes empresariais distintas, mas que se completam com perfeição, foram criadores da primeira grande indústria de celulose do Brasil. 
Rose Haas

     Casou com Rose Haas com quem teve Israel Klabin, que foi segundo prefeito do Rio de Janeiro, depois do fim do Estado da Guanabara, Daniel e Armando Klabin, o atual presidente da KlabinWolff Klabin faleceu em 1957.

Horácio Klabin nasceu em São Paulo em 24 de março de 1918, engenheiro civil, exerceu como empresário diretor administrativo da Klabin. Era filho de Salomão Klabin e Luba Segall e irmão de Samuel Klabin e Esther Klabin, sobrinho de Maurício Freeman Klabin e de Lasar Segall e primo de Horácio Lafer, Ema Gordon Klabin, Eva Klabin. Foi casado com a socialite e atriz Beki Klabin. Com ela teve dois filhos, Cláudio Roberto Klabin e Paulo Eduardo Klabin. Horácio Klabin foi precursor do cartão de crédito no Brasil, com a vinda em 1954 da filial do Diners Club Card, que mais tarde foi denominado Diners Club International, em sociedade com o theco Hanus Tauber.
Sr Horácio Lafer, Sr Manuel Ribas,
                Sr Dr Luiz, Sr Wolff Klabin
Em 1934, com apoio de um financiamento do governo, o grupo adquiriu a Fazenda Monte Alegre, região que na época pertencia ao município de Tibagi, hoje Telêmaco Borba, no interior do Paraná, construindo o maior complexo industrial papeleiro da América Latina, sendo fundada a Klabin do Paraná, Indústrias Klabin do Paraná de Celulose e iniciando a instalação de uma fábrica na Fazenda Monte Alegre, nesta época, que era de propriedade de uma empresa francesa falida e esta repassou seus ativos para o Banco do Estado do Paraná, com a intenção de saldar suas dívidas. Com a ajuda do interventor do estado, Manuel Ribas que era amigo de Wolf Klabin, o Grupo Klabin recebeu todo o apoio necessário para a construção da fábrica, com a intenção de produzir papel jornal anos depois, produzirá também, papel kraft. Em 1946, a fábrica iniciou suas atividades, ano em que Hessel Klabin faleceu, legando às filhas Ema e Eva Klabin todos os seus bens e nomeando Ema como sua sucessora no conselho da empresa.

Hessel Klabin
Ema Gordon Klabin nasceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1907, filha dos imigrantes lituanos Fanny e Hessel Klabin, irmão de Maurício Freeman Klabin, na infância, residiram em São Paulo, no bairro de Santa Cecília. Durante a juventude, Ema foi educada na Europa, visitando frequentemente o Brasil. Sob tutela de professores particulares, tornou-se admiradora de artes plásticas, ópera e música. Demonstra desde cedo apreço pelo colecionismo, adquirindo serviços de porcelana e prataria, tapetes e objetos de arte oriental. Sem planos de constituir uma família, Ema passou a se dedicar à atividade empresarial e às atividades filantrópicas e culturais de São Paulo. De forma semelhante ao que fazia sua irmã Eva, radicada no Rio de Janeiro desde 1933, dedicou-se também a ampliar sua coleção de arte, principalmente com aquisições feitas em suas freqüentes viagens à Europa e aos Estados Unidos.
          Ema teve uma ativa participação na vida cultural da cidade. Foi membro dos conselhos da Fundação Bienal de São Paulo, do MASP, do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Colaborou na criação do Museu Lasar Segall e da Fundação Magda Tagliaferro, foi sócia da Sociedade Cultura Artística e da Orquestra Filarmônica de São Paulo, entre outros. Sua casa converteu-se em um ativo ponto de encontro de importantes personalidades do mundo da política, dos negócios e das artes.
Em 1948, Ema encomendou estudos arquitetônicos para a construção de uma nova residência no terreno que herdara do pai no Jardim Europa, com o objetivo de albergar sua crescente coleção. Dentre os vários estudos apresentados, escolheu o projeto de estilo eclético do engenheiro-arquiteto Alfredo Ernesto Becker, autor de diversas residências no mesmo bairro. Anos mais tarde, construiria ainda uma residência de veraneio em Campos do Jordão, quando não havia mais espaço em sua casa para abrigar as novas peças.
Na década de 70, sem ter herdeiros diretos e preocupada com o destino de sua coleção, Ema passou a consultar especialistas para auxiliá-la na escolha das instituições aptas a receber coleção. O trágico incêndio do MAM carioca em 1978, no entanto, fez com que optasse por criar uma instituição destinada a preservar o acervo reunido e tornar sua casa um museu aberto à visitação pública, como sua irmã Eva faria mais tarde, no Rio de Janeiro. A Fundação Ema Klabin abriu suas portas ao público em 2007 e recebe milhares de visitantes anualmente, com intensa programação cultural. Ema Klabin faleceu em São Paulo, em 27 de janeiro de 1994. 

Eva Klabin, 1929
Eva Cecília Klabin nasceu em São Paulo, em 8 de fevereiro de 1903, primeira filha do casal de imigrantes lituanos Fanny e Hessel Klabin. Eva Klabin passa os primeiros anos de sua vida entre o Brasil e a Europa. Por ocasião da Primeira Guerra Mundial, refugia-se com a família na Suíça em 1914, retornando ao Brasil somente em 1919. Na década de 1930, reside nos Estados Unidos, onde cursa a New York School of Secretaries e faz dublagem em filme da Paramount, intitulado Anybody's Woman. Na mesma década casa-se com o advogado e jornalista Paulo Rapaport, também de origem judaica, mas continua a residir na casa da família, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Como sua irmã Ema, começa já a se interessar pelo colecionismo, demonstrando interesse especial pela arte européia.
Casada com o jornalista Paulo Rapaport desde 1933, muda-se para o Rio de Janeiro após a morte do pai em 1946, adquirindo uma residência na avenida Epitácio Pessoa, à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas. Suas primeiras aquisições ocorrem em 1947, no mesmo contexto cultural e econômico do segundo pós-guerra que permitiu a formação do acervo do MASP. Pietro Maria Bardi, além de diretor e responsável por formar a coleção do referido museu, exercia também a função de galerista, tendo sido responsável por revender a colecionadores brasileiros uma grande quantia de obras trazidas da Europa. Foi de Bardi que Eva comprou suas primeiras obras: duas pinturas de Bernardo Strozzi e outra de Guercino. Em 1949 Eva perde sua irmã caçula, Mina, e muda-se com o marido para o Rio de Janeiro, passando a residir na residência da avenida Epitácio Pessoa, à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas.
              Na década de 1950, o Grupo Klabin passou a investir na produção de raiom com a aquisição de parte da Rilsan Brasileira S/A, em 1951, e em novos setores industriais, como na aquisição da Companhia Universal de Fósforos, em 1955, no setor de transporte, com na inauguração de linhas de bonde elétrico, em 1959, e de uma maneira geral, na ampliação do seu parque industrial papeleiro.
Em 1957, Paulo Rapaport, marido de Eva Klabin falece em viagem à Alemanha. Eva não teve filhos e não se casaria novamente. Passa a dedicar-se quase que exclusivamente à sua coleção, fazendo freqüentes viagens à Europa para adquirir novas peças. Entre 1961 e 1967, amplia sua residência na lagoa, com o objetivo de acomodar o crescente acervo. Passa também a integrar-se à vida cultural e política do Rio de Janeiro, recepcionando artistas, empresários, colecionadores e políticos em sua residência. Ofereceu jantares de gala a convidados como Harry Oppenheimer, Juscelino e Sarah Kubitschek, David Rockefeller, Elie Wiesel, Henry Kissinger e Shimon Peres.
Em 1972, junto com a irmã Ema Gordon, convida o então curador do Metropolitan Museum de Nova York, Karl Katz, para uma traçar um projeto de pesquisa de proveniência das duas coleções. Em 1977, embarca na viagem de volta ao mundo feita pelo Queen Elizabeth II. No ano seguinte, o trágico incêndio ocorrido no MAM carioca a incentivou, bem como a sua irmã, a constituir uma fundação para preservar o seu acervo após sua morte, criada neste mesmo ano. Em 1979, inicia os trabalhos de catalogação de seu acervo de antigüidades egípcias e, no ano seguinte, submete sua coleção à avaliação de representantes da Christie's e da Sotheby's.
A exemplo do que sua irmã Ema Gordon faria em São Paulo, criou no Rio de Janeiro uma fundação para conservar, pesquisar e expor ao público sua coleção. Falece em 1991, legando todos os seus bens à fundação responsável pela conservação do acervo. A Fundação Eva Klabin foi oficialmente inaugurada em 1995, na antiga casa da colecionadora, sob a curadoria de Paulo Herkenhoff, e mantém uma das mais importantes coleções de arte européia existentes no Brasil

Na década de 1970, o Grupo Klabin Papel e Celulose passou a adotar a profissionalização administrativa em suas empresas e logo após, cada família criou uma holding, que individualmente, determinava um integrante para representá-los no conselho geral. Nos anos seguintes o Grupo adaptou-se e modernizou-se em relação a gestão administrativa, em face a expansão do seu poderio industrial, com a multiplicação de empresas em solo nacional e os diversos investimentos internacionais.
A Klabin se tornou a empresa brasileira maior produtora e exportadora de papéis do país, com foco na produção de celulose, papéis e cartões para embalagens, embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, além de comercializar madeira em toras. É controlada pela Klabin Irmãos & Cia, com participação acionária de 61%, e o Grupo Monteiro Aranha, com 9%, e organizada em quatro unidades de negócios (Florestal, Celulose, Papéis e Conversão).
Conta com 17 unidades industriais, sendo 16 no Brasil, distribuídas por oito estados, e 1 na Argentina. Possui de 3 unidades florestais, sendo no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Mantém também 14 escritórios distribuídos em várias regiões do Brasil. A Klabin tornou-se uma das maiores empresas do Brasil e consolidou-se como uma das maiores da região Sul do Brasil, estando entre as dez maiores empresas. Sendo assim aparece no ranking como um dos maiores grupos empresarias do país.