Maurice Freeman Klabin, quando jovem. Retrato de 1888, Londres |
Moishe Elkana nasceu na aldeia de
Pazelva, parte da localidade de Želva, na atual Lituânia, à época parte do
Império Russo, onde nasceu em 1º de março de 1860 e viveu até os 25 anos. Não
se sabe com que dinheiro Moishe Elkana comprou terras na Rússia, pelo menos um
pedaço de terra, o que era proibido. Por decreto do tsar Alexandre III, judeus
não podiam ser donos de terras. Denunciado pelo sujeito de quem a comprou,
lançou-se numa fuga desenfreada, percorrendo hora de carroça e hora a pé da Polônia e Alemanha até chegar, de navio, à Inglaterra, na época considerado um país liberal, desenvolvido e repleto de indústrias, no auge da Revolução Industrial.
Na Inglaterra, Maurício adotou o sobrenome de Freeman, praticamente uma declaração de princípios, ou seja, homem livre. Em Londres, Maurício alugou uma carrocinha, comprou chinelos e passou a vendê-los nas ruas, mas percebeu que não era o único imigrante e que os negócios na Inglaterra já estavam muito consolidados e competitivos, sem muita chance para novatos. Quando soube, dois anos
depois, que um imperador do Brasil estava oferecendo terras até passagens de graça num país a
milhares de quilômetros de distância do qual nunca tinha ouvido falar, viu aí a
sua oportunidade.
Moishe Elkana, Mauricio Klabin |
Leon Klabin, pai de Maurício Klabin |
Já com 35 anos, os negócios
estavam bem prósperos e foi então que ele pediu para vir da Lituânia seus pais,
Leon Klabin e Chaia Sarah Papert, a irmã Nessel Klabin e uma jovem de 27 anos, Bertha
Osband, sua noiva. Mais tarde chamou o tio, Zelman Lafer com o filho Miguel
Lafer e dos Estados Unidos, seus irmãos Salomão, Hessel e Luiz Klabin. Nessa
época, vieram também para o Brasil mais os primos Wolff Kadischevitz,
Max, Lazar e Henrique, filhos de Israel Kadischevitz e Feiga Kadischeviitz Lafer, conhecida como Fanny Lafer.
Fanny Lafer nasceu em 1851 e faleceu em 17 de fevereiro de 1948, com a idade de 97 anos e era irmã de Zelman Lafer e de Leon Lafer Klabin, pai de Maurício Klabin. O Klabin veio de uma geração anterior de Leon Klabin, pai de Maurício Klabin, para evitar que o filho fizesse o serviço militar, seu pai Samuel Lafer inventou um outro sobrenome, o nome verdadeiro da família era Lafer, o Klabin veio do nome de uma floresta perto da aldeia de Pazelva. Leon Lafer Klabin nasceu perto de 1839, filho de Samuil Lazarovitch Lafer e Jenny Crystal Lafer, faleceu em 1924, um ano após o falecimento do filho Maurício. Leon Klabin casou com Chaia Sarah Papert que nasceu em 1837 e faleceu em 1910 e tiveram os filhos Maurício, Salomão, Hessel e Luiz Klabin.
Bertha Osband e Maurício Freeman Klabin |
Lasar Seagall, 1909 |
Salomão Lafer Klabin nasceu na
Lituânia, irmão de Maurício Freeman Klabin casou com Luba Segall, também da Lituânia, irmã do
pintor Lasar Segall e tiveram os filhos Esther Klabin nasceu em 1907, Samuel Klabin, nasceu em 1910 e Horácio Klabin nasceu em São Paulo em 24 de março de 1918. Salomão veio para o
Brasil quando seu irmão Mauricio Freeman Klabin, o chamou em 1895, quatro anos depois
fundaram a Klabin Irmãos e Cia, com o primo Miguel Lafer e Hessel Klabin. A empresa importava produtos de papelaria e produzia artigos para escritórios, comércios, repartições públicas e bancos.
Jenny e Segall com os filhos Mauricio e Oscar no Jardim de Luxemburgo, 1931, Paris |
Hessel Klabin, irmão de Maurício
Freeman Klabin, nasceu na Lituânia, em 1872 e faleceu em São Paulo em 19 de
novembro de 1946. Hessel chegou com a família ao Brasil no início da década de
1890 e em 1899, fez parte do grupo que fundou a Klabin Irmãos & Cia. Casado
com Fanny Gordon Klabin foi pai de Ema Gordon Klabin, Eva Klabin e Nina Gordon
Klabin.
Miguel Lafer nasceu na Lituânia
em 1876 radicado no Brasil em 1894, chegou com o pai Zelman Lafer, tio de Mauricio
Freeman Klabin e em 1899 fez parte do grupo que fundou a
Klabin Irmãos & Cia.. Casado com a prima Nessel Klabin, irmã de Maurício
Freeman Klabin, foi pai de Horácio Lafer, Jacob Klabin Lafer e Abrahão Jacob
Lafer. Miguel Lafer faleceu em São Paulo, 12 de fevereiro de 1926. Nessel Klabin, filha de Leon Klabin com Chaia Sarah Papert nasceu em 1880, na Lituânia, e faleceu em 1955.
Da esquerda para a direita, os filhos: Jenny (nascida em 1898), Luiza (1900), Mina (1986) e Emannuel (1902). Bertha Osband (em pé) e Maurício Klabin. |
Maurício Freeman Klabin desembarcou no país em 1889 e fundou, em 1890, a
empresa M.F.Klabin & Irmão, uma tipografia. Os Lafer chegam ao país em 1894
e a relação entre estas duas famílias, além de serem lituanos de nascimento,
seria o fato de uma das irmãs de Maurício ser esposa de um dos Lafer. Assim,
enraizados pelo país natal e familiarmente, em 1899, irmãos e primos da Lafer-Klabin
fundaram na cidade de São Paulo, a Kablin Irmãos & Cia. (KIC), uma loja,
oficina de fabricação e importadora de artigos de escritórios e tipografia.
1911 - Sócios fundadores de Klabin Irmãos & Companhia - KIC com familiares e funcionários da Companhia Fabricadora de Papel - CFP em frente ao prédio da fábrica. |
Maurício Klabin, o terceiro sentado, com os sócios-fundadores. 1911 |
Maurice Freeman Klabin |
Maurício Klabin morreu em
Heidelberg em 21 de setembro de 1923, na Alemanha, aos 63 anos aonde fora tratar de câncer no estômago, afetou profundamente a vida de suas filhas. Nos
anos de 1930, o grupo passa a ser administrado pelos primos Wolff Klabin,
Horácio Lafer, Samuel Klabin e Horácio Klabin segunda geração de gestores das
famílias Klabin-Lafer e é a partir deste período que ocorre a ascensão do grupo
Klabin, com a expansão no setor papeleiro e a diversificação dos negócios, como
o arrendamento da Manufatura Nacional de Porcelanas S/A, em 1931.
Horácio Lafer |
Horácio Lafer nasceu em São Paulo, três de maio de 1900, filho de Miguel Lafer e Nessel Klabin, irmã de Maurício Freeman Klabin, os quais eram primos, foi casado com Maria Luisa Salles, conhecida como Mimi, sobrinha-neta do presidente Campos Sales (1841-1913). Teve duas filhas: Sylvia Lafer, que casou com o empresário, e mais tarde senador, Pedro Franco Piva; são os pais de Eduardo Lafer Piva, Regina Lafer Piva e do economista Horácio Lafer Piva. E Graziela Lafer, que casou com o empresário Paulo Sérgio Coutinho Galvão; são os pais de Maria Eugênia Lafer Galvão.
Horácio Lafer e Otávio Mangabeira |
Eisenhower e Horácio Lafer |
Wolff Klabin se despede de Getúlio Vargas no aeroporto da Fazenda Monte Alegre, em Telêmaco Borba, Paraná. |
Rose Haas |
Casou com Rose Haas com quem teve Israel Klabin, que foi segundo prefeito do Rio de Janeiro, depois do fim do Estado da Guanabara, Daniel e Armando Klabin, o atual presidente da Klabin. Wolff Klabin faleceu em 1957.
Horácio Klabin nasceu em São Paulo em 24 de março de 1918, engenheiro civil, exerceu como empresário diretor administrativo da Klabin. Era filho de Salomão Klabin e Luba Segall e irmão de Samuel Klabin e Esther Klabin, sobrinho de Maurício Freeman Klabin e de Lasar Segall e primo de Horácio Lafer, Ema Gordon Klabin, Eva Klabin. Foi casado com a socialite e atriz Beki Klabin. Com ela teve dois filhos, Cláudio Roberto Klabin e Paulo Eduardo Klabin. Horácio Klabin foi precursor do cartão de crédito no Brasil, com a vinda em 1954 da filial do Diners Club Card, que mais tarde foi denominado Diners Club International, em sociedade com o theco Hanus Tauber.
Sr Horácio Lafer, Sr Manuel Ribas, Sr Dr Luiz, Sr Wolff Klabin |
Hessel Klabin |
Ema teve uma ativa participação na vida cultural da cidade.
Foi membro dos conselhos da Fundação Bienal de São Paulo, do MASP, do Museu de
Arte Moderna de São Paulo. Colaborou na criação do Museu Lasar Segall e da
Fundação Magda Tagliaferro, foi sócia da Sociedade Cultura Artística e da
Orquestra Filarmônica de São Paulo, entre outros. Sua casa converteu-se em um
ativo ponto de encontro de importantes personalidades do mundo da política, dos
negócios e das artes.
Em 1948, Ema encomendou estudos arquitetônicos para a
construção de uma nova residência no terreno que herdara do pai no Jardim
Europa, com o objetivo de albergar sua crescente coleção. Dentre os vários
estudos apresentados, escolheu o projeto de estilo eclético do
engenheiro-arquiteto Alfredo Ernesto Becker, autor de diversas residências no
mesmo bairro. Anos mais tarde, construiria ainda uma residência de veraneio em
Campos do Jordão, quando não havia mais espaço em sua casa para abrigar as
novas peças.
Na década de 70, sem ter herdeiros diretos e preocupada com
o destino de sua coleção, Ema passou a consultar especialistas para auxiliá-la
na escolha das instituições aptas a receber coleção. O trágico incêndio do MAM
carioca em 1978, no entanto, fez com que optasse por criar uma instituição
destinada a preservar o acervo reunido e tornar sua casa um museu aberto à
visitação pública, como sua irmã Eva faria mais tarde, no Rio de Janeiro. A
Fundação Ema Klabin abriu suas portas ao público em 2007 e recebe milhares de
visitantes anualmente, com intensa programação cultural. Ema Klabin faleceu em São Paulo, em 27 de janeiro de 1994.
Eva Klabin, 1929 |
Eva Cecília Klabin nasceu em São
Paulo, em 8 de fevereiro de 1903, primeira filha do casal de imigrantes
lituanos Fanny e Hessel Klabin. Eva Klabin passa os primeiros anos de sua vida
entre o Brasil e a Europa. Por ocasião da Primeira Guerra Mundial, refugia-se
com a família na Suíça em 1914, retornando ao Brasil somente em 1919. Na década
de 1930, reside nos Estados Unidos, onde cursa a New York School of Secretaries
e faz dublagem em filme da Paramount, intitulado Anybody's Woman. Na mesma
década casa-se com o advogado e jornalista Paulo Rapaport, também de origem judaica,
mas continua a residir na casa da família, no bairro de Santa Cecília, em São
Paulo. Como sua irmã Ema, começa já a se interessar pelo colecionismo,
demonstrando interesse especial pela arte européia.
Casada com o jornalista Paulo
Rapaport desde 1933, muda-se para o Rio de Janeiro após a morte do pai em 1946,
adquirindo uma residência na avenida Epitácio Pessoa, à beira da Lagoa Rodrigo
de Freitas. Suas primeiras aquisições ocorrem em 1947, no mesmo contexto
cultural e econômico do segundo pós-guerra que permitiu a formação do acervo do
MASP. Pietro Maria Bardi, além de diretor e responsável por formar a coleção do
referido museu, exercia também a função de galerista, tendo sido responsável
por revender a colecionadores brasileiros uma grande quantia de obras trazidas
da Europa. Foi de Bardi que Eva comprou suas primeiras obras: duas pinturas de
Bernardo Strozzi e outra de Guercino. Em 1949 Eva perde sua irmã caçula, Mina, e
muda-se com o marido para o Rio de Janeiro, passando a residir na residência da
avenida Epitácio Pessoa, à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Na década de 1950, o Grupo Klabin
passou a investir na produção de raiom com a aquisição de parte da Rilsan
Brasileira S/A, em 1951, e em novos setores industriais, como na aquisição da
Companhia Universal de Fósforos, em 1955, no setor de transporte, com na
inauguração de linhas de bonde elétrico, em 1959, e de uma maneira geral, na
ampliação do seu parque industrial papeleiro.
Em 1957, Paulo Rapaport, marido
de Eva Klabin falece em viagem à Alemanha. Eva não teve filhos e não se casaria
novamente. Passa a dedicar-se quase que exclusivamente à sua coleção, fazendo
freqüentes viagens à Europa para adquirir novas peças. Entre 1961 e 1967,
amplia sua residência na lagoa, com o objetivo de acomodar o crescente acervo.
Passa também a integrar-se à vida cultural e política do Rio de Janeiro,
recepcionando artistas, empresários, colecionadores e políticos em sua
residência. Ofereceu jantares de gala a convidados como Harry Oppenheimer,
Juscelino e Sarah Kubitschek, David Rockefeller, Elie Wiesel, Henry Kissinger e
Shimon Peres.
Em 1972, junto com a irmã Ema Gordon, convida o então
curador do Metropolitan Museum de Nova York, Karl Katz, para uma traçar um
projeto de pesquisa de proveniência das duas coleções. Em 1977, embarca na
viagem de volta ao mundo feita pelo Queen Elizabeth II. No ano seguinte, o
trágico incêndio ocorrido no MAM carioca a incentivou, bem como a sua irmã, a
constituir uma fundação para preservar o seu acervo após sua morte, criada
neste mesmo ano. Em 1979, inicia os trabalhos de catalogação de seu acervo de
antigüidades egípcias e, no ano seguinte, submete sua coleção à avaliação de
representantes da Christie's e da Sotheby's.
A exemplo do que sua irmã Ema Gordon faria em São Paulo,
criou no Rio de Janeiro uma fundação para conservar, pesquisar e expor ao
público sua coleção. Falece em 1991, legando todos os seus bens à fundação responsável pela conservação do acervo. A Fundação Eva Klabin foi oficialmente inaugurada em 1995, na antiga casa da colecionadora, sob a curadoria de Paulo Herkenhoff, e mantém uma das mais importantes coleções de arte européia existentes no Brasil
Na década de 1970, o Grupo
Klabin Papel e Celulose passou a adotar a
profissionalização administrativa em suas empresas e logo após, cada família
criou uma holding, que individualmente, determinava um integrante para
representá-los no conselho geral. Nos anos seguintes o Grupo adaptou-se e
modernizou-se em relação a gestão administrativa, em face a expansão do seu
poderio industrial, com a multiplicação de empresas em solo nacional e os
diversos investimentos internacionais.
A Klabin se tornou a empresa brasileira maior produtora e
exportadora de papéis do país, com foco na produção de celulose, papéis e
cartões para embalagens, embalagens de papelão ondulado e sacos industriais,
além de comercializar madeira em toras. É controlada pela Klabin Irmãos &
Cia, com participação acionária de 61%, e o Grupo Monteiro Aranha, com 9%, e
organizada em quatro unidades de negócios (Florestal, Celulose, Papéis e
Conversão).
Conta com 17 unidades industriais, sendo 16 no Brasil,
distribuídas por oito estados, e 1 na Argentina. Possui de 3 unidades
florestais, sendo no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Mantém também 14
escritórios distribuídos em várias regiões do Brasil. A
Klabin tornou-se uma das maiores empresas do Brasil e consolidou-se como uma
das maiores da região Sul do Brasil, estando entre as dez maiores empresas.
Sendo assim aparece no ranking como um dos maiores grupos empresarias do país.